Natal - Celebrar a Vida
“A graça de Deus se manifestou para a salvação de todos os homens” (Tt 2,11).
Irmãos e Irmãs!
É sempre com alegria que celebramos o Natal. Deus enviou seu Filho a nós, cumprindo assim a profecia: “Eis que virão dias, diz o Senhor, em que farei nascer um descendente de Davi; Ele reinará como rei e será sábio, fará valer a justiça e a retidão na terra. Naqueles dias, Judá será salvo e Israel viverá tranqüilo; este é o nome com que o chamarão: Senhor nossa justiça” (Jr 23, 5-6).
Compreendemos o Natal a partir dessa experiência, a experiência da grandeza e da pequenez de nosso Deus que se revela pequeno e pobre, caminho, verdade e vida; experiência de um Deus que se torna humano, próximo, vivendo em tudo a condição humana, menos o pecado. Eis a graça que se manifesta, plantando no chão da história aquilo que realmente conta para a humanidade: o amor, a solidariedade. No Filho de Deus nos tornamos filhos e a dignidade humana é restabelecida para sempre. Deus se fez um de nós. Por isso o Natal é sempre uma grande festa, uma tentativa constante de aproximação desse grande mistério de amor onde Deus nos mostra a sua face: o que era mistério, nascendo se revelou.
Qual deve ser nossa atitude? Não deixar passar despercebido o grande Dom de Deus, um Filho. Fazer o Natal ir além das aparências e da artificialidade para ser o Natal humano e acolhedor, que permanece como meta a ser alcançada e vivida nos gestos de comunhão, partilha e corresponsabilidade, sobretudo, na defesa da vida, desde sua concepção até o seu fim natural. A grande exigência a partir do Natal de Jesus será sempre a de não negligenciar o princípio ético do respeito à dignidade e à vida do ser humano. Celebram verdadeiramente o Natal, os que não se fecham aos apelos dos pequenos, dos pobres, indefesos e violentados de tantos modos, os que colaboram na promoção de uma cultura humana e cristã, com verdadeira liberdade onde ninguém seja eliminado. Sabemos que o aborto continua em pauta, ameaçando e matando a vida, por isso, uma mulher violentada, subjugada, ou que de algum modo se depara com uma gravidez muitas vezes indesejada, deve encontrar apoio humano, cristão, psicológico, institucional, para que seja atenuada a sua condição dolorosa e, assim, nem ela nem o Estado, que tem o dever de proteger a vida, sintam-se culpados pela eliminação de uma vida indefesa. A vida sempre tem prioridade. É preciso perceber os interesses subliminares que se escondem por trás das campanhas anti-natalinas. O aborto, porém, nunca se justifica.
Contemplemos, adoremos o menino que nasceu como fizeram Maria, José, os Pastores e os Magos. Abramos os corações, façamos o propósito sincero de colaborar na construção de um mundo novo, reconciliado, onde todo ódio, egoísmo e ressentimento sejam banidos. A manjedoura de Belém continua a nos interpelar. A partir dela se prolonga a justiça de Deus que restaura a nossa vida, a vida dos animais, das plantas e de todo o universo. Eis a autenticidade do Natal.
Um Feliz Natal e um Ano Novo cheio de paz a todos os nossos diocesanos e nossos leitores.
Dom Sérgio Aparecido Colombo
Bispo Diocesano.